Periferias 2014

(…) Três edições depois, as características fundadoras do Periferias revelam-se numa idiossincrasia que o tornam raro a nível do panorama artístico da região, do país e dos países de língua oficial portuguesa. Raro pela programação multidisciplinar; raro por assentar em protocolos de colaboração; raro por não se esgotar nos dias de programação, mas, paulatinamente, se ter vindo a estender, ao longo do ano, a intercâmbios, permutas e parcerias.

Com esta edição – onde a participação de representantes de países de língua oficial portuguesa é a mais elevada de sempre -, o Periferias reúne as condições para a entrada num novo ciclo.Um novo ciclo caracterizado por uma mais estreita colaboração e articulação de meios com a autarquia, num reconhecimento desta da importância do festival no calendário da oferta cultural em Sintra, e no reivindicar nessa oferta de mais um cunho próprio: o de “capital da língua portuguesa”. Um novo ciclo propício no aprofundamento das relações entre estruturas, que permitirá prosseguir por caminhos mais arejados de colaboração, como sejam as co-produções entre grupos participantes, e a troca permanente de dados entre festivais no âmbito da lusofonia. (…)

João de Mello Alvim, Director Artístico

PROGRAMAÇÃO

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O INCRÍVEL MUNDO DAS MARIONETAS ORIENTAIS

Exposição privada de Elisa Vilaça (Macau)

04 a 16 de Março l 10h-13h / 14h-18h l Vila Alda/Casa do Eléctrico

Tem por objectivo este trabalho dar a conhecer um pouco do enquadramento histórico das marionetas no Oriente, assim como o seu processo evolutivo a nível cultural e social. Pretende ainda realçar a importância pedagógica do uso destas, não só a nível do ensino formal e académico mas principalmente ao nível da educação e sensibilização da população.  Desta forma, e para que esta breve apresentação possa “aproximar” e explicar duas culturas tão diferentes como a Ocidental e a Oriental, propõe-se expor algumas marionetas orientais (colecção privada de Elisa Vilaça). O objectivo desta exposição, não será portanto a do objecto em si, mas sim ser o suporte de toda uma informação teórica que lhes está subjacente.

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MAL-EMPREGADOS

Pela d’Orfeu – Associação Cultural (Águeda)

05 de Março l 21h30 l Casa de Teatro de Sintra l Classificação Etária: Todos

Mal-Empregados é um espectáculo pseudo-sério, pseudo-cómico, absurdo qb e tendencialmente minimal. Dois actores-músicos, aparência por decifrar – farão o quê? -, desafiam-se, revezam-se, fartam-se, tentam sempre outra coisa. Tanto pode resultar como não. Uma caricatura irónica dos especialistas em polivalência. Para se chegar a uma conclusão: mal-empregados!

INTERPRETAÇÃO: RICARDO FALCÃO E LUÍS FERNANDES; DIRECÇÃO DE ACTORES: ÂNGELO CASTANHEIRA; ENCENAÇÃO: RUY MALHEIRO E FERNANDO MOTA; DIRECÇÃO TÉCNICA: RUI OLIVEIRA

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MATA-DOR

ASTA – Associação de Teatro e outras Artes (Covilhã)

06 de Março l 21h30 l Casa de Teatro de Sintra l Classificação Etária: M/16

Mata-Dor pretende ser um grito de revolta conta a violência doméstica. Ano após ano o número de vitimas de violência doméstica tem vindo a aumentar, e em mata-dor, pretendemos por a nu este flagelo que alastra a sociedade e percorre todas as classes sociais, não escolhe idades, raças ou religiões. O espectáculo, uma mistura do teatro com a dança pretende passar uma imagem bem real do se passa muitas das vezes mesmo ao nosso lado e nem damos conta. Mata-Dor é um espectáculo com uma forte componente visual carregado de simbolismos, pondo a nu esta prática abominável do Homem ao longo dos tempos. Sem falsos moralismos e sem pudor retratamos em palco a realidade de muitas mulheres que são vitimas da brutalidade dos seus companheiros.

CO-PRODUÇÃO: ASTA & TEATRUBI; CRIAÇÃO E DIREÇÃO: RUI PIRES ; TEXTO: DE RUI PIRES A PARTIR DE “A CASA DO INCESTO”, DE ANAÏS NIN; DESIGN GRÁFICO: SÉRGIO NOVO; DESENHO DE LUZ: PEDRO FONSECA E RUI PIRES; ASSISTÊNCIA TÉCNICA: FÁBIO SILVA; EDIÇÃO DE SOM: PAULO LIMA; VOZ OFF: CARMO TEIXEIRA; GUARDA-ROUPA: SÉRGIO NOVO; CO-CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO: DIANA PORTELA, GONÇALO DE MORAIS E JOANNA SANTOS; AGRADECIMENTOS: ANDRÉ COSTA, FAUSTA PARRACHO E RITA CARRILHO

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TRAVESSIAS

Pelo Teatro Por Que Não (Santa Maria, Brasil)

07 de Março l 21h30 l Casa de Teatro de Sintra l Classificação Etária: M/12

O espectáculo Travessias transpõe questões de um casal adulto para o quotidiano de crianças de rua do Brasil em busca do caminho mais rápido (e mais divertido) para a felicidade. Criada a partir do texto “Oração”, do escritor espanhol Fernando Arrabal, a peça acontece como uma grande brincadeira em conflito com ensinamentos bíblicos, julgamentos sociais, paradoxos entre o bem e o mal, e todas as incertezas de quem busca ‘ser feliz’ acima de tudo.

DRAMATURGIA: O GRUPO – BASEADO EM ‘ORAÇÃO’, DE FERNANDO ARRABAL; DIREÇÃO: ANDRÉ GALARÇA; ELENCO: ALINE RIBEIRO E ANDRÉ GALARÇA; ILUMINAÇÃO: FELIPE MARTINEZ; SONOPLASTIA: DEIVID MACHADO GOMES; OPERAÇÃO DE SOM: JULIET CASTALDELLO; CENÁRIO E OBJETOS CÊNICOS: CRISTIANO BITTENCOURT; MAQUIAGEM: ALINE RIBEIRO; REALIZAÇÃO: TEATRO POR QUE NÃO?

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A CASA ENCANTADA

Pela Companhia de Teatro Constantino Nery (Matosinhos)

08 de Março l 21h30 l Casino de Sintra l Classificação Etária: M/12

A casa encantada é um Projecto/performativo com encenação de Luísa Pinto e Dramaturgia de Roberto Merino. Uma viagem por algumas salas do Casino de Sintra, num cruzamento entre o Teatro e Artes plásticas, vivenciando atmosferas diversas em cada cena. Trata-se também de uma instalação cénica a partir de cenografia e adereços de projectos anteriores. Aqui a palavra de ordem é recriar, tirar os objectos do seu contexto inicial e habitá-los de uma outra forma. O mesmo acontece com estas personagens retiradas de encenações anteriores e que surgem aqui numa nova dramaturgia habitando espaços diferentes do seu contexto inicial. Nesta criação encontram-se várias figuras das artes do século XX como Frida Kahlo, Luis Buñuel, Garcia Lorca, Salvador Dali entre outros que deambulam pelos espaços do Teatro numa perspectiva surrealista falando sobre temas comuns a todos nós, o amor, a obra, a vida e a morte.

PROJECTO PERFORMATIVO E ENCENAÇÃO: LUÍSA PINTO; DRAMATURGIA: ROBERTO MERINO; INTÉRPRETES: ISABEL CARVALHO, JOÃO COSTA E RUI DAVID; DIRECÇÃO MUSICAL: RUI DAVID; DESENHO DE LUZ: BRUNO SANTOS; ILUSTRAÇÃO, DESIGN E VÍDEO: MIGUEL SANTIAGO MIRANDA; COREOGRAFIA DO TANGO: GLADYS ZALAZAR E ÓSCAR ZALAZAR; PRODUÇÃO EXECUTIVA: HELENA LOZA; OPERAÇÃO DE LUZ: BRUNO SANTOS E JÚLIO FILIPE; TÉCNICOS DE SOM: FILIPE GONÇALVES E PEDRO LOPES MOREIRA; COORDENAÇÃO GRÁFICA: JOANA FILIPA; ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: ANA FERREIRA E JOANA FILIPA; CO-PRODUÇÃO: CINE- TEATRO CONSTANTINO NERY/CÂMARA MUNICIPAL DE MATOSINHOS/TEATRO ART’IMAGEM

mocambique

O LOBOLO

Pelo Grupo de Teatro Haya Haya (Beira, Moçambique)

09 de Março l 21h30 l Casa de Teatro de Sintra l Classificação Etária: Todos

O lobolo é uma peça de teatro que retrata uma história tipicamente moçambicana, trata-se de uma moça que é obrigada pelos pais a casar-se com quem que não ama, e a sua vida torna-se um autêntico inferno. A situação torna-se pior pelo facto dela não conseguir ter filhos que seu marido tanto queria ter e a culpa recai sobre ela. A sogra e o marido maltratam-na e ela não podia voltar para casa de seus pais por ter sido lobolada.

DIRECTOR ARTÍSTICO: LÚCIO CHITEVE; ADAPTAÇÃO: GRUPO DE TEATRO HAYA-HAYA A PARTIR DO ORIGINAL SULEMANE CASSAMO “O REGRESSO DO MORTO”; ENCENAÇÃO: ELABORAÇÃO CONJUNTA; ACTORES: CALENE CUSTUMES, ANIBAL CHITEVE, IDALOPINA FRANCISCO E CRISTINA MARIA PASCOAL; TÉCNICOS: VITORINO CHIMICA E ZACARIAS LUIS; SONOPLASTA: NATERCIO BAZO; PARTICIPAÇÃO: GRUPO CULTURAL TAFICA

jangada

O FEIO

Pela Jangada Teatro (Lousada)

12 de Março l 21h30 l Casa de Teatro de Sintra l Classificação Etária: M/12

Todos lhe chamam feio e correm-no à patada. Cansado de tanta humilhação, vai-se embora, cantando o seu infortúnio. Nunca teve amigos. Um dia, faz a sua primeira amizade. De repente, pum… o seu amigo é corrido a chumbo. O feio fica sozinho. Ninguém o quer… mete nojo aos cães. O tempo passa, e o feio fica bonito… O Feio, é inspirado no universo da Banda Desenhada, onde se fundem pictoricamente o 2D das marionetas com o 3D dos atores, numa simbiose perfeita com a música e o canto ao vivo.

DRAMATURGIA E ENCENAÇÃO: LUIZ OLIVEIRA; INTERPRETAÇÃO: CLÁUDIA BERKELEY, LUIZ OLIVEIRA E VÍTOR FERNANDES; MÚSICA ORIGINAL E PIANISTA : RICARDO FRÁGUAS; BONECOS: LUIZ OLIVEIRA; CENOGRAFIA: XICO ALVES; FIGURINOS: SUSANA MORAIS; CONSTRUÇÃO DE CENOGRAFIA E ADEREÇOS: JOAQUIM CUNHA; DESENHO DE LUZ: NUNO TOMÁS

COISA DE MULHER

Pel’As Caixeiras – Companhia de Bonecas (Brasília, Brasil)

13 de Março l 21h30 l Casa de Teatro de Sintra l Classificação Etária: Todas as idades

Priscila, a perereca: inspirado na linguagem de história em quadrinhos, conta a história de uma perereca que encontra um belo desconhecido e que este lhe pede para transforma-se em uma princesa. Nesse encontro Priscila mostra ao desconhecido que as histórias de princesas e sapos nem sempre têm um final feliz. Ataque de nervos: conta a história de uma mulher tendo um ataque de nervos devido ao seu cotidiano. Nesta situação a mulher irrita-se com as coisas mais simples da vida, saindo de si e afastando-se do seu eu interior. Mensagem: inspirada nos contos de Carlos Galleno é uma caixa interativa onde o espectador pode participar da história por meio do convite feito pela cigana.

BONEQUEIRAS: AMARA HURTADO, JIRLENE PASCOAL, MARIANA BAETA; BONECOS E CENOGRAFIA: AS CAIXEIRAS – CIA. DE BONECAS; TRILHAS-SONORAS: KIKO FREITAS

faroi

BARAFUNDA

Pelo Te.Atrito (Faro)

14 de Março l 21h30 l Casa de Teatro de Sintra l Classificação Etária: M/12

Qualquer texto de Raul Brandão é sempre mais pertinente hoje do que amanhã. Qualquer acto teatral que parta do Algarve, onde não falta vontade para a criação mas nem sempre abundam os meios que permitem desenvolver o trabalho artístico, é urgente e por isso mais pertinente hoje do que amanhã.

E assim nasce este projecto. Este espectáculo é inspirado na peça “O Doido e a Morte”, de Raul Brandão.

ENCENAÇÃO: JOÃO DE BRITO; ASSISTÊNCIA DE ENCENAÇÃO: TÂNIA SILVA; INTERPRETAÇÃO: ANDRÉ CANÁRIO, LAURA PEREIRA, PEDRO MONTEIRO; DESENHO DE LUZ: JOÃO DE BRITO; REALIZAÇÃO VÍDEO-DOCUMENTÁRIO: JOÃO MARCO; DESIGN GRÁFICO: BRUNO SILVA (BUA); PRODUÇÃO: LAMA E TE-ATRITO

cabo verde

ESQUIZOFERNIA

Pelo Grupo Teatral Craq’otchod (Mindelo, Cabo-Verde)

15 de Março l 21h30 l Casa de Teatro de Sintra l Classificação Etária: M/16

O grupo teatral Craq’ Otchod com a forte componente social que a caracteriza cria o Projecto “Esquizofrenia” no sentido de tentar contribuir para a minimização dos estigmas sociais que existem a volta deste transtorno. Há muito que os paradigmas da saúde mental modificaram o seu lema de “isolar para conhecer e tratar” por se mostrar ineficaz como meio de tratamento e desumano para o lema “Cuidar sim, excluir não”. A quem diga que escreves o que no fundo és, ou a pessoa de si mesma. E muitos considerados diabólicas expansivos. E muitos fechados a remédios até a sucumbição social antes mental, a pano branco e ferro frio verde com cintas a masmorra, um cérebro nos limites invicto em volta de cérebros iniciáticas invisíveis e invisos.

AS POMBAS DE CARBOEIRO

Pelos Fantoches Baj (Pontevedra, Galiza)

16 de Março l 21h30 l Casa de Teatro de Sintra l Classificação Etária: M/8

As Pombas de Carboeiro é um metarrelato que conta como um frade tenta convencer, com a sua história, um batalhão do exército napoleónico para que os soldados não saciem sua fome com a população de pombas mensageiras do mosteiro. O frade, para ilustrar seu relato, usa as cartas do Tarot de Marselha com que os soldados franceses se entretinham. Com trinta e três dessas cartas ampliadas, como uma imagem do kamishibai, relata-se o que disse o frade aos soldados. Uma mistura de história medieval com contos, cantos, lendas e romances antigos que tem como protagonistas a Cervela de Bonaval e Octavia.

Autor e director: Inacio; Composição musical: Benxa Otero; Actores músicos: Inacio e Benxa Otero; Cenografia: Luis Iglesias; Figurinos e adereços: María Chenut; Registo de vídeo: Tingalaranga; Imagem Gráfica: Iván Suárez; Arranjos Gráficos: Alvarellos S.L; Distribuição: Urdime

CONVERSAS E IMPROVISAÇÕES PERIFÉRICAS

Mais do que um festival de espectáculos em cartaz que se esfuma no final da programação, o Periferias quer ser (já é) um festival que perdura no tempo, através do conhecimento directo de outras realidades artísticas/organizativas, da partilha de experiências, da troca de saberes, do desenho de intercâmbios e parcerias, da criação de afectos entre participantes.

Se ao longo do festival, nos encontros informais, na espera no foyer, à mesa das refeições, a conversa entre participantes, e entre participantes e público, naturalmente fluirá, escolhemos as terças-feiras, depois do jantar, para juntarmos os grupos, e os convidados, num espaço acolhedor, dos muitos existentes em Sintra, para à roda de uma mesa, de chávena ou copo na mão, se soltarem conversas daquelas que puxam outras. São as “conversas periféricas”, mais um fio no tecer de uma teia de afectos que caracteriza o Periferias.

Também queremos alargar os locais de representação saindo dos condicionalismos do palco e do espectáculo que cada grupo traz e incluir no roteiro do Periferias. Outros espaços frequentados por pessoas que até podem desconhecer a existência do festival… Daí o desafio aos grupos e aos seus elementos para uma noite de improvisações, a solo, só de um grupo ou induzindo a participação dos presentes, grupos ou meros frequentadores, numa dinâmica inclusiva, divertida e criativa.

Com o lançamento do Periferias, o Chão de Oliva continua a privilegiar a criação artística como forma de intervenção alargada na comunidade, e os laços humanos solidários como raízes por onde se alimenta essa mesma intervenção.

Assim, nos dias 04 e 11 de Março, pelas 21:00, no Restaurante Sopa d’Avó (junto à Casa de Teatro) uma conversa aberta com os grupos participantes no Festival marcará o início da semana de espectáculos e nos dias 05 e 12 de Março, no Legendary Café (junto aos Paços do Concelho), pelas 23:30, um conjunto de improvisações por elementos dos grupos participantes no Periferias, fará o encerramento da noite.